Perturbações específicas da linguagem

  • Por Ana Vieira
  • 26 mar., 2019
Imagem retirada do google

As dificuldades da linguagem são frequentes, não são imaturidades que desaparecem com o tempo e podem ter um grande impacto, não só no desempenho escolar, mas também na relação com os outros e no desenvolvimento emocional.

 

Quando uma criança inicia o seu percurso escolar possui, normalmente, um conhecimento implícito das regras dos diferentes sistemas da linguagem (fonologia, semântica, morfologia, sintaxe e pragmática) sendo a aquisição destas competências feita de forma homogénea. No entanto, se a aquisição se apresentar mais lenta do que o esperado para a idade, falaremos de um atraso simples no desenvolvimento da linguagem.

Mas se essa dificuldade for apenas em um, dois ou três dos diferentes sistemas e não em todos? E se elas apenas se tornam visíveis com o aumento na exigência e na complexidade das matérias?

 

A perturbação específica da linguagem (PEL) é algo que afeta a compreensão e/ou a expressão do que é dito e tem uma prevalência de cerca de 7%.

E, ao contrário do que o nome indica, não é tão específica assim, já que coincide frequentemente com atrasos em outras áreas do desenvolvimento, como o défice de atenção, de coordenação motora ou com um maior risco de problemas de comportamento.

 

Perante o problema da interpretação de estruturas frásicas complexas e da sua modificação em estruturas mais simples para acesso ao significado do que é ouvido ou lido, há lentidão, mal-estar, isolamento e depressão. O relacionamento com outros, a naturalidade e espontaneidade da comunicação são afetados.

Para a criança, estas dificuldades trazem inicialmente frustração, por não perceber o que lhe é dito e, depois, desmotivação e inatividade, por desistir de tentar perceber.

Associado a tudo isto surgem os estigmas, “não se aplica no estudo”, “pode ter uma dificuldade cognitiva” ou “nunca está com atenção”.

É uma mais valia avaliar precocemente, caracterizar as dificuldades, apoiar cuidadores e professores de forma a prevenir complicações do foro emocional e otimizar todas as formas de comunicação.

Autora: Dr.ª Ana Viera, Terapeuta da Fala