A CRECHE É AFETO!

  • Por Completamente
  • 18 mai., 2020

Na 2ª-feira quando as creches abrirem, é importante que educadores e auxiliares se lembrem que creche é afeto. É amparar, é dar carinho, é dar amor, é tocar, é abraçar, é brincar. Nos próximos dias, semanas e até meses, mais do que nunca, os bebés e as crianças precisam disso. Precisam destes cuidadores que fazem a vez da mãe e do pai. 

Estar em casa durante dois meses vai deixar muitas crianças (ou até mesmo todas) com dificuldades na separação dos pais e por isso, mais do que nunca, precisam dos educadores e auxiliares que tão bem fazem esse papel.

Quem puder, para já, tente não deixar as crianças na escola, para que o acolhimento seja realizado de forma gradual e com menos crianças. Para que as escolas consigam também adaptar-se a esta realidade e ajustar-se conforme novas situações vão surgindo. Para quem precisar de deixar o seu filho na creche, fale com a escola e pergunte quais as medidas que estão a implementar. Caso não concorde com algumas, sugira as que lhes parecem ser mais indicadas.

Lembre-se da questão emocional, não se foque apenas no vírus. Numa altura destas, todos devemos e podemos ajudar. Os pais devem ser bons aliados neste processo, até para que a sua ansiedade relativamente a este assunto, possa ser elaborada e contida de uma melhor forma.

Para manter a saúde mental dos bebés e crianças, as escolas devem também ponderar os aspetos emocionais e as consequências psíquicas que irão surgir de todo este processo. 

Deixamos algumas sugestões:

  • As creches não têm de praticar o distanciamento de 2 metros entre crianças nas atividades lúdico-pedagógicas. Numa sala deve haver menos crianças que o normal, mas as crianças podem socializar e brincar umas com as outras. Aliás, é fundamental que isso aconteça. Todas as escolas devem seguir esta medida, tão importante como lavar as mãos;
  • As educadoras e auxiliares devem utilizar viseiras em vez de máscaras, para que os bebés e crianças possam ver as suas caras, de forma conseguir ler a expressão facial do adulto cuidador;
  • As educadoras podem falar sobre o vírus com as crianças e do tempo que estiveram em casa. Podem perguntar como as crianças se sentiram, o que sentiram mais falta, do que gostaram mais, do que gostaram menos, com o intuito de ajudar a elaborar todas estas emoções e sentimentos;
  • Nas salas devem ser retiradas as mesas, para que as crianças possam ter mais espaço para brincar. As atividades de mesa podem ser suspensas e adaptadas a esta nova realidade. Idealmente as crianças devem estar grande parte do tempo no recreio, ao ar livre sempre que puderem, a brincar. Mais do que medidas de proteção dentro do interior da escola, as crianças devem utilizar o exterior sempre que possível, seja no recreio ou em jardins e florestas perto da escola;
  • As escolas devem estar atentas às dificuldades emocionais das crianças nesta altura. Vão surgir seguramente mais perturbações e fragilidades psicológicas. Devem pedir ajuda às equipas de psicologia de cada escola e trabalhar em conjunto com as mesmas, de forma a prevenir e ajudar estas dificuldades emocionais.


Creche é afeto, escola é afeto. Pais, crianças e escola precisam de estar unidos e de se amparar mutuamente, para que emocionalmente possa correr tudo bem.


Uma mensagem da Psicóloga Clínica, Patrícia Rebelo.